Seu Osvaldo, aos 88 anos, é considerado o primeiro DJ do Brasil

Nascido em Muzambinho (MG), ele foi um garoto pobre, que ajudava sua mãe a lavar as roupas dos mais ricos da cidade, e sempre foi um menino curioso e apaixonado por música desde pequeno. Ficava impressionado com o rádio, de como poderia sair tanta música daquela caixinha.

Foi então que se mudou para a cidade de São Paulo, onde conheceu os bailes da Zona Norte da cidade e começou a atuar como DJ, na época se dizia “Discotecar”. Para não deixar a pausa entre uma música e outra, Seu Osvaldo desenvolveu o seu próprio mixer (aparelho que mistura as músicas), no início os casais que frequentavam estes bailes não gostaram muito da novidade, pois estavam acostumados com a pausa entre as músicas.

Na década de 50 e 60 os bailes com orquestra eram inacessíveis para as pessoas pretas de baixa renda, os bailes do Seu Osvaldo, foram cruciais para a democratização do entretenimento para essas pessoas, permitindo que tivessem acesso à diversão de qualidade e às boas músicas da época, com preço acessível a todos.

Com dificuldades financeiras e familiares, Osvaldo parou de discotecar em 1968. Nunca tendo o devido reconhecimento que merecia, ele seguiu influenciando seus descendentes, seu filho caçula, que hoje o auxilia nos bailes é DJ, tem ainda na família netos e sobrinhos que também são DJ’s. No entanto, graças ao livro "Todo DJ já Sambou", de 2003, da jornalista Claudia Assef — a primeira a jogar luz no pioneirismo esquecido do mineiro, o que chamou a atenção da comunidade artística, que revisitou essa história, convidando-o para novas apresentações e participações em eventos como este último realizado neste mês (Batekoo Festival), em que ele tocou para a sua maior plateia, aproximadamente 12 mil pessoas.

Devidamente acompanhado do filho, seu auxiliar de palco, e sua neta, que comanda as suas redes sociais, Seu Osvaldo foi apresentado pela mestre de cerimônia: "O primeiro DJ do Brasil é um homem negro. Afinal, somos um movimento sobre ancestralidade, é sobre valorizar, reconhecer e trazer pra roda ainda em vida quem abriu os caminhos para que a gente pudesse estar aqui". Diz ela com emoção: “Então façam barulho para o DJ Seu Osvaldo”. E assim subiu ao palco para a maior apresentação da sua vida, o primeiro DJ do Brasil, com a vitalidade de um garoto, do alto dos seus 88 anos de idade, no repertório pérolas da música brasileira e mundial, como Jorge Ben jor, Wilson Simonal, Tim Maia, Sérgio Mendes, dentre outros, que embalaram uma pista de dança, com uma plateia jovem e animada, numa noite inesquecível para todos os que puderam estar ali naquele dia memorável.

Dá para imaginar o quanto seria bacana, a música do Seu Osvaldo embalar as atividades físicas e de lazer das inúmeras Casas de Repouso no Brasil e no mundo, já que a música é Universal! Que ele sirva de inspiração para os idosos dos Residenciais Sênior de que a idade não é fator limitante para as coisas que fazemos com paixão. Viva Seu Osvaldo. Viva a música!